sábado, 13 de novembro de 2010

"Levantai a cabeça"

Estamos no penúltimo domingo do Ano litúrgico.

As Leituras bíblicas são um prelúdio desse encerramento,
convidando-nos a refletir sobre o fim dos tempos.
A meta final, para onde Deus nos conduz,
faz nascer em nós a esperança e a coragem
para enfrentar as adversidades e lutar pelo Advento do Reino.

Na 1a leitura: Malaquias descreve o "Dia do Senhor".
- O Povo de Israel tinha voltado do exílio com muitas promessas
de um futuro maravilhoso, um reino de paz, de bem estar e de justiça.
Mas, o que ele vê é o contrário. Por isso, começa a manifestar a desilusão.
- Malaquias, numa linguagem profética, dirige palavras de conforto e esperança.
Deus não abandona o seu povo. Vai intervir na história,
destruindo o mal e fazendo triunfar o Bem, a Justiça e a Verdade.

* O texto não pretende incutir medo, falando do "fim do mundo",
mas fortalecer a ESPERANÇA no Deus libertador
para enfrentar os dramas da Vida e da História,
Esperança que devemos ter ainda hoje, apesar do que vemos...

A 2a Leitura fala da comunidade de Tessalônica,
perturbada por fanáticos que pregavam estar próximo o fim do mundo.
Por isso, não valia mais a pena continuar trabalhando.
Paulo apresenta o exemplo de trabalho de sua vida e acrescenta:
"Quem não quer trabalhar, também não deve comer..."
* O TRABALHO é o melhor jeito de se preparar para a vinda do Senhor.

No Evangelho, temos o Discurso Escatológico,
em que aparecem três momentos da História da Salvação:
A destruição de Jerusalém, o tempo da Missão da Igreja e
a Vinda do Filho do Homem.
- Lucas escreveu o evangelho uns 50 anos depois da morte de Cristo.
Durante esse tempo, aconteceram fatos terríveis:
guerras, revoluções, a destruição do Templo de Jerusalém,
a perseguição dos cristãos por parte dos judeus e dos romanos.

- Para muitos eram sinais do fim do mundo...
Lucas, com palavras do próprio Mestre, indica duas atitudes:
. Não se deixar enganar por falsos profetas.
. Não perder a esperança, Deus está conosco.

- Os Discípulos mostram a Jesus com orgulho a grandiosidade doTEMPLO...
- Jesus não se entusiasma com essa estrutura, para ele já superada,
e anuncia o fim desse modelo de sociedade e o surgimento de outra:
"Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra... Tudo será destruído."
- Diante disso, curiosos, querem saber mais informações:
"Quando acontecerá isso? Qual vai ser o sinal?"
- Jesus responde numa linguagem apocalíptica,
misturando referências à queda de Jerusalém e ao fim do mundo:
"Haverá grandes terremotos... fome e peste...
aparecerão fenômenos espantosos no céu...

+ Jesus alerta sobre os falsos profetas: Não se deixar enganar:
"Cuidado para não serdes enganados,
porque muitos virão em meu nome... Não sigais essa gente".

* Ainda hoje muitas pessoas falam em nome de Jesus,
dando respostas fantasiosas produzidas por motivações pessoais.
Não é prudente acreditar em tudo o que se diz em nome de Jesus.

+ Jesus exorta à esperança: Não ter medo...
Esses sinais de desagregação do mundo velho não devem assustar,
pelo contrário são anúncio de alegria e esperança,
de que um mundo novo está para surgir.
"Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se,
ERGAM A CABEÇA, porque a Libertação está próxima". (Lc21,28)

* Jerusalém deixa de ser o lugar exclusivo e definitivo da salvação;
começa o tempo da Igreja, em que a Comunidade dos discípulos
testemunharão a Salvação a todos os povos da terra.

+ As catástrofes continuam ainda hoje...
Guerras, revoluções, terrorismo infernizam por toda parte...
Muita gente morre de fome, o aquecimento global é ameaçador;
ciclones, terremotos e maremotos se multiplicam.
Parece mesmo o fim de tudo.
Os discípulos não devem temer: Haverá dificuldades,
mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus.
No Discurso escatológico, Jesus define a missão da Igreja na História:
Dar testemunho da Boa nova e construir o Reino.

Qual é a nossa atitude diante do mundo catastrófico em vivemos?

* Desperdiçamos o nosso tempo, ouvindo histórias de visionários,
acreditando mais em revelações privadas, do que na Palavra do evangelho?

* Temos a certeza de que não obstante todas as contrariedades,
o mundo novo, o Reino de Deus, um dia certamente triunfará?

* Diante de tantas dificuldades, nos deixamos levar pelo desânimo
ou acreditamos de fato na vitória final do Reino de Cristo?

 Cristo nos garante:
"Coragem, LEVANTAI A CABEÇA, porque se aproxima a libertação"

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Se me Amas...Não Chores! (Fiéis Defuntos)

No atrevimento de Te rezar
Apetece-me dizer-Te simplesmente:

"És Louco!"

Sim, Tu, Meu Deus...
Louco de Amor
ao ponto de nos tornares iguais a Ti.
Abris-te no tempo a porta da eternidade
e, ainda não contente com isso,
o Todo Santo,
vens fazer-nos Todos santos!
e quando desistimos de nós
és o primeiro a dizer-nos:
"Eu permaneço! confio em Ti!"

Um Deus desconcertante...
"Esbanjador" de Misericórdia,
Eternamente abraçado ao Homem
para lhe mostrar realmente quem ele é e não sabe.
Num Deus assim
vale mesmo a pena acreditar,
lançar-se,
e ousadamente fazer com Ele uma história
onde cada passo dado
é caminho de Salvação!

Mudanças

Hoje quero honrar todos os meus que partiram com as palavras de S. Agostinho. Trago-os no coração! E neste dia em que se estreitam as pontes entre o céu e a terra rogo por Eles ao Bom Deus na certeza de que junto d'Ele os tenho já há muito como intercessores também da Sua benevolência e misericórdia para comigo.

“Se conhecesses o mistério imenso do céu
onde agora vivo,
este horizonte sem fim,
esta luz que tudo reveste e penetra,
não chorarias, se me amas!
Estou já absorvido no encanto de Deus,
na sua infindável beleza.
Permanece em mim o seu amor,
uma enorme ternura,
que nem tu consegues imaginar.
Vivo numa alegria puríssima.
Nas angústias do tempo,
pensa nesta casa onde, um dia,
estaremos reunidos para além da morte,
matando a sede na fonte inesgotável
da alegria e do amor infinito.
Não chores,
se verdadeiramente me amas!”

(Santo Agostinho)
Oração pelo dom das Vocações
Iniciámos este sábado, na Igreja Paroquial a exposição do Santíssimo Sacramento, às 17h00, oferecendo-o pelo dom das Vocações Sacerdotais.
Imploraremos aos Céus a graça de muitos e santos sacerdotes para a Igreja. Esta será a forma de solenizarmos e marcarmos esta semana. De certeza que podemos ser mais, muitos mais, a presentear o nosso Deus com a nossa presença.

Venda de Natal

A partir do próximo dia 14, Domingo - e até Dezembro - vai decorrer a habitual VENDA DE NATAL, no Acolhimento da Paróquia.
Oportunidade de colaborarmos também na angariação de fundos para a "Igreja Paroquial", pois que todos os resultados serão canalizados para este projecto comum...

Peregrinação a Fátima

Peregrinação a Fátima


Estão já abertas as inscrições para a Peregrinação a Fátima para todas as pessoas da Paróquia. Decorrerá no dia 20 de Novembro. As inscrições e demais informações estão já disponíveis no Acolhimento da Paróquia. Os interessados deverão fazê-lo qunto antes.
Diante de várias situações ocorridas, hoje «apetece-me» escrever sobre a dimensão da «Confiança»!
Sinto que somos permanentemente desafiados a essa aprendizagem da Confiança;
que a vida nos propõe em acontecimentos, factos e situações, onde podemos - e devemos - aprender esta atitude fundamental do coração de um crente!
Aprender a confiar em Deus, no Senhor Jesus, peregrino connosco nas sendas da nossa própria vida!
Aprender a confiar significará sempre que cremos que a nossa vida Lhe pertence; que os nossos dias são e dependem d'Ele; que os sonhos, projectos, problemas, ansiedades, medos e esperanças, têm de ter um lugar privilegiado no Coração de Cristo. Como se faz?
Pondo a nossa vida TODA na nossa oração!
Não raras vezes aquilo que somos, que sentimos, que projectamos, que sonhamos, idealizamos, no fundo, vivemos, não cabe na nossa oração, na nossa intimidade com Deus, na nossa comunhão com Ele!
Parece que Deus apenas «faz sentido» na igreja, nas celebrações, no «beato» da nossa existência!
Depois, o nosso viver quotidiano, mesmo o nosso viver religioso, cristão, espiritual, não tem lugar para Esse Deus!
Confiar é arriscar n'Ele; é viver n'Ele, com Ele e para Ele. Ou seja, é colocar toda a nossa vida, todo o nosso sentir, nas mãos de Deus.
Saber, acreditar, que tudo acontece na órbita de Deus.
Que mesmo as coisas que fazemos em Seu nome, apenas fazem sentido quando Ele ocupa o primeiro lugar; que tudo Lhe tem de ser entregue, rezado, ou seja, confiado!
Tantas das nossas derrotas, tantos dos nossos problemas, tantos dos nossos conflitos, internos e externos, acontecem porque deixamos Deus fora da nossa vida concreta!
Rezar com a nossa vida; falar-Lhe daquilo que nos ocupa e preocupa; entregar-Lhe cada sentimento, atitude, ansiedade, receio, projecto...
A fim de não sermos «deuses» da nossa vida; a fim de sermos crentes de verdade...
A fim de «respirarmos» Deus no quotidiano...
Aprender a Confiar, aprender a rezar, aprender a arriscar, aprender a ser de Deus, nas vinte e quatro horas de cada dia, eis uma missão que não acaba enquanto peregrinarmos nesta Terra...
Aventura que importa começar. Já...
Particularmente os que nos afirmamos cristãos...

"Tempo vale amor"

-"Não está escrito nos livros
Que a coisa mais importante na vida
É viver um dia de cada vez?
“Tempo vale amor”"


Porquê o olhar para o passado... porquê o recordar do que já não faz sentido... como água a correr em rio... como areia fina passando entre dedos entrelaçados... assim é a vida... a percorrer os dias da nossa existência... viver a vida... vivendo a essência do momento... a fragrância do instante... sugar o néctar do segundo que se avizinha... esperando o momento tão aguardado... o encontro esperado... só se vive e morre uma única vez... e aguardamos... aguardamos... somos marcados pela brevidade do instante... seremos o hoje... o amanhã... Como gota que cai... que nos molha numa dança à chuva... como passeio em praia ao entardecer... como sorriso rasgando faces... como tela que vai sendo pintada... a cores... em todas as cores... nossa vida... a minha vida... traços percorridos num corpo... num ser... o que é importante...? viver... ser tempo... tempo que permanece numa tela, a tela da vida...

Cristo é a nossa Esperança!

"O mês começa com a tradicional romagem aos cemitérios e termina com o início do Advento. Entre a Morte e a Espera atenta e amorosa, proponho às comunidades paroquiais um mês de reflexão, de contemplação, de abertura à beleza. Só Deus pode dar-nos a vitória do amor, da vida sobre a morte e só nós a podemos receber, vivendo-a, agora e para sempre".

A proposta inicial para Novembro propõe o desdobramento do tema em Esperança perante a morte e Esperança perante a Vi(n)da - o Advento inicia neste mês (28/11). É certo que o tema deve ser tratado, pois a morte não deve assustar os cristãos e não se retira o mérito às iniciativas que, certamente, irão despertar o nosso interesse. Já o apóstolo Paulo, escrevendo às primeiras comunidades, exortava os fiéis a "não estar tristes como os outros que não têm esperança". Se de facto, escrevia, cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, através de Jesus, reunirá com ele todos os que estão mortos" (1 Ts 4, 13-14). E, como diz o Papa Bento XVI, “É necessário também hoje evangelizar a realidade da morte e da vida eterna, realidades particularmente sujeitas a crenças supersticiosas e a sincretismos, para que a verdade cristã não corra o risco de se misturar com mitologias de vários tipos”.

Mas, se a razão deste acentuar da “realidade morte” no tratamento do tema Esperança é o facto de o Advento só se iniciar no fim do mês, não deixa de ser igualmente verdade que o dia de “Fiéis Defuntos” é um só dia, e no início do mês, pelo que não se justificará termos um 2010 com “dia de finados” prolongado. Caberá às paróquias contrariar uma certa morbidez que historicamente tem caracterizado os nossos ambientes, e que levou a que as nossas comunidades tenham sempre alguma facilidade em chorar perante Deus e os Irmãos e uma grande dificuldade em celebrar o nosso Deus e a nossa fé.

Na nossa paróquia certamente que se trata adequadamente o tema na riqueza das suas 2 vertentes. E começaram muito bem, com a ideia de convidar as crianças da Catequese para o momento de Adoração do Santíssimo aos sabados.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Carta de Sua Santidade PP Bento XVI aos Seminaristas

Carta de Bento XVI aos seminaristas
Queridos Seminaristas,



Em Dezembro de 1944, quando fui chamado para o serviço militar, o comandante de companhia perguntou a cada um de nós a profissão que sonhava ter no futuro. Respondi que queria tornar-me sacerdote católico. O subtenente replicou: Nesse caso, convém-lhe procurar outra coisa qualquer; na nova Alemanha, já não há necessidade de padres. Eu sabia que esta «nova Alemanha» estava já no fim e que, depois das enormes devastações causadas por aquela loucura no país, mais do que nunca haveria necessidade de sacerdotes. Hoje, a situação é completamente diversa; porém de vários modos, mesmo em nossos dias, muitos pensam que o sacerdócio católico não seja uma «profissão» do futuro, antes pertenceria já ao passado. Contrariando tais objecções e opiniões, vós, queridos amigos, decidistes-vos a entrar no Seminário, encaminhando-vos assim para o ministério sacerdotal na Igreja Católica. E fizestes bem, porque os homens sempre terão necessidade de Deus – mesmo na época do predomínio da técnica no mundo e da globalização –, do Deus que Se mostrou a nós em Jesus Cristo e nos reúne na Igreja universal, para aprender, com Ele e por meio d’Ele, a verdadeira vida e manter presentes e tornar eficazes os critérios da verdadeira humanidade. Sempre que o homem deixa de ter a noção de Deus, a vida torna-se vazia; tudo é insuficiente. Depois o homem busca refúgio na alienação ou na violência, ameaça esta que recai cada vez mais sobre a própria juventude. Deus vive; criou cada um de nós e, por conseguinte, conhece a todos. É tão grande que tem tempo para as nossas coisas mais insignificantes: «Até os cabelos da vossa cabeça estão contados». Deus vive, e precisa de homens que vivam para Ele e O levem aos outros. Sim, tem sentido tornar-se sacerdote: o mundo tem necessidade de sacerdotes, de pastores hoje, amanhã e sempre enquanto existir.



O Seminário é uma comunidade que caminha para o serviço sacerdotal. Nestas palavras, disse já algo de muito importante: uma pessoa não se torna sacerdote, sozinha. É necessária a «comunidade dos discípulos», o conjunto daqueles que querem servir a Igreja de todos. Com esta carta, quero evidenciar – olhando retrospectivamente também para o meu tempo de Seminário – alguns elementos importantes para o vosso caminho a fazer nestes anos.



1. Quem quer tornar-se sacerdote, deve ser sobretudo um «homem de Deus», como o apresenta São Paulo (1 Tm 6, 11). Para nós, Deus não é uma hipótese remota, não é um desconhecido que se retirou depois do «big-bang». Deus mostrou-Se em Jesus Cristo. No rosto de Jesus Cristo, vemos o rosto de Deus. Nas suas palavras, ouvimos o próprio Deus a falar connosco. Por isso, o elemento mais importante no caminho para o sacerdócio e ao longo de toda a vida sacerdotal é a relação pessoal com Deus em Jesus Cristo. O sacerdote não é o administrador de uma associação qualquer, cujo número de membros se procura manter e aumentar. É o mensageiro de Deus no meio dos homens; quer conduzir a Deus, e assim fazer crescer também a verdadeira comunhão dos homens entre si. Por isso, queridos amigos, é muito importante aprenderdes a viver em permanente contacto com Deus. Quando o Senhor fala de «orar sempre», naturalmente não pede para estarmos continuamente a rezar por palavras, mas para conservarmos sempre o contacto interior com Deus. Exercitar-se neste contacto é o sentido da nossa oração. Por isso, é importante que o dia comece e acabe com a oração; que escutemos Deus na leitura da Sagrada Escritura; que Lhe digamos os nossos desejos e as nossas esperanças, as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos erros e o nosso agradecimento por cada coisa bela e boa, e que deste modo sempre O tenhamos diante dos nossos olhos como ponto de referência da nossa vida. Assim tornamo-nos sensíveis aos nossos erros e aprendemos a trabalhar para nos melhorarmos; mas tornamo-nos sensíveis também a tudo o que de belo e bom recebemos habitualmente cada dia, e assim cresce a gratidão. E, com a gratidão, cresce a alegria pelo facto de que Deus está perto de nós e podemos servi-Lo.



2. Para nós, Deus não é só uma palavra. Nos sacramentos, dá-Se pessoalmente a nós, através de elementos corporais. O centro da nossa relação com Deus e da configuração da nossa vida é a Eucaristia; celebrá-la com íntima participação e assim encontrar Cristo em pessoa deve ser o centro de todas as nossas jornadas. Para além do mais, São Cipriano interpretou a súplica do Evangelho «o pão nosso de cada dia nos dai hoje», dizendo que o pão «nosso», que, como cristãos, podemos receber na Igreja, é precisamente Jesus eucarístico. Por conseguinte, na referida súplica do Pai Nosso, pedimos que Ele nos conceda cada dia este pão «nosso»; que o mesmo seja sempre o alimento da nossa vida, que Cristo ressuscitado, que Se nos dá na Eucaristia, plasme verdadeiramente toda a nossa vida com o esplendor do seu amor divino. Para uma recta celebração eucarística, é necessário aprendermos também a conhecer, compreender e amar a liturgia da Igreja na sua forma concreta. Na liturgia, rezamos com os fiéis de todos os séculos; passado, presente e futuro encontram-se num único grande coro de oração. A partir do meu próprio caminho, posso afirmar que é entusiasmante aprender a compreender pouco a pouco como tudo isto foi crescendo, quanta experiência de fé há na estrutura da liturgia da Missa, quantas gerações a formaram rezando.



3. Importante é também o sacramento da Penitência. Ensina a olhar-me do ponto de vista de Deus e obriga-me a ser honesto comigo mesmo; leva-me à humildade. Uma vez o Cura d’Ars disse: Pensais que não tem sentido obter a absolvição hoje, sabendo entretanto que amanhã fareis de novo os mesmos pecados. Mas – assim disse ele – o próprio Deus neste momento esquece os vossos pecados de amanhã, para vos dar a sua graça hoje. Embora tenhamos de lutar continuamente contra os mesmos erros, é importante opor-se ao embrutecimento da alma, à indiferença que se resigna com o facto de sermos feitos assim. Na grata certeza de que Deus me perdoa sempre de novo, é importante continuar a caminhar, sem cair em escrúpulos mas também sem cair na indiferença, que já não me faria lutar pela santidade e o aperfeiçoamento. E, deixando-me perdoar, aprendo também a perdoar aos outros; reconhecendo a minha miséria, também me torno mais tolerante e compreensivo com as fraquezas do próximo.



4. Mantende em vós também a sensibilidade pela piedade popular, que, apesar de diversa em todas as culturas, é sempre também muito semelhante, porque, no fim de contas, o coração do homem é o mesmo. É certo que a piedade popular tende para a irracionalidade e, às vezes, talvez mesmo para a exterioridade. No entanto, excluí-la, é completamente errado. Através dela, a fé entrou no coração dos homens, tornou-se parte dos seus sentimentos, dos seus costumes, do seu sentir e viver comum. Por isso a piedade popular é um grande património da Igreja. A fé fez-se carne e sangue. Seguramente a piedade popular deve ser sempre purificada, referida ao centro, mas merece a nossa estima; de modo plenamente real, ela faz de nós mesmos «Povo de Deus».



5. O tempo no Seminário é também e sobretudo tempo de estudo. A fé cristã possui uma dimensão racional e intelectual, que lhe é essencial. Sem tal dimensão, a fé deixaria de ser ela mesma. Paulo fala de uma «norma da doutrina», à qual fomos entregues no Baptismo (Rm 6, 17). Todos vós conheceis a frase de São Pedro, considerada pelos teólogos medievais como a justificação para uma teologia elaborada racional e cientificamente: «Sempre prontos a responder (…) a todo aquele que vos perguntar "a razão" (logos) da vossa esperança» (1 Ped 3, 15). Adquirir a capacidade para dar tais respostas é uma das principais funções dos anos de Seminário. Tudo o que vos peço insistentemente é isto: Estudai com empenho! Fazei render os anos do estudo! Não vos arrependereis. É certo que muitas vezes as matérias de estudo parecem muito distantes da prática da vida cristã e do serviço pastoral. Mas é completamente errado pôr-se imediatamente e sempre a pergunta pragmática: Poderá isto servir-me no futuro? Terá utilidade prática, pastoral? É que não se trata apenas de aprender as coisas evidentemente úteis, mas de conhecer e compreender a estrutura interna da fé na sua totalidade, de modo que a mesma se torne resposta às questões dos homens, os quais, do ponto de vista exterior, mudam de geração em geração e todavia, no fundo, permanecem os mesmos. Por isso, é importante ultrapassar as questões volúveis do momento para se compreender as questões verdadeiras e próprias e, deste modo, perceber também as respostas como verdadeiras respostas. É importante conhecer a fundo e integralmente a Sagrada Escritura, na sua unidade de Antigo e Novo Testamento: a formação dos textos, a sua peculiaridade literária, a gradual composição dos mesmos até se formar o cânon dos livros sagrados, a unidade dinâmica interior que não se nota à superfície, mas é a única que dá a todos e cada um dos textos o seu pleno significado. É importante conhecer os Padres e os grandes Concílios, onde a Igreja assimilou, reflectindo e acreditando, as afirmações essenciais da Escritura. E poderia continuar assim: aquilo que designamos por dogmática é a compreensão dos diversos conteúdos da fé na sua unidade, mais ainda, na sua derradeira simplicidade, pois cada um dos detalhes, no fim de contas, é apenas explanação da fé no único Deus, que Se manifestou e continua a manifestar-Se a nós. Que é importante conhecer as questões essenciais da teologia moral e da doutrina social católica, não será preciso que vo-lo diga expressamente. Quão importante seja hoje a teologia ecuménica, conhecer as várias comunidade cristãs, é evidente; e o mesmo se diga da necessidade duma orientação fundamental sobre as grandes religiões e, não menos importante, sobre a filosofia: a compreensão daquele indagar e questionar humano ao qual a fé quer dar resposta. Mas aprendei também a compreender e – ouso dizer – a amar o direito canónico na sua necessidade intrínseca e nas formas da sua aplicação prática: uma sociedade sem direito seria uma sociedade desprovida de direitos. O direito é condição do amor. Agora não quero continuar o elenco, mas dizer-vos apenas e uma vez mais: Amai o estudo da teologia e segui-o com diligente sensibilidade para ancorardes a teologia à comunidade viva da Igreja, a qual, com a sua autoridade, não é um pólo oposto à ciência teológica, mas o seu pressuposto. Sem a Igreja que crê, a teologia deixa de ser ela própria e torna-se um conjunto de disciplinas diversas sem unidade interior.



6. Os anos no Seminário devem ser também um tempo de maturação humana. Para o sacerdote, que terá de acompanhar os outros ao longo do caminho da vida e até às portas da morte, é importante que ele mesmo tenha posto em justo equilíbrio coração e intelecto, razão e sentimento, corpo e alma, e que seja humanamente «íntegro». Por isso, a tradição cristã sempre associou às «virtudes teologais» as «virtudes cardeais», derivadas da experiência humana e da filosofia, e também em geral a sã tradição ética da humanidade. Di-lo, de maneira muito clara, Paulo aos Filipenses: «Quanto ao resto, irmãos, tudo o que é verdadeiro, nobre e justo, tudo o que é puro, amável e de boa reputação, tudo o que é virtude e digno de louvor, isto deveis ter no pensamento» (4, 8). Faz parte deste contexto também a integração da sexualidade no conjunto da personalidade. A sexualidade é um dom do Criador, mas também uma função que tem a ver com o desenvolvimento do próprio ser humano. Quando não é integrada na pessoa, a sexualidade torna-se banal e ao mesmo tempo destrutiva. Vemos isto, hoje, em muitos exemplos da nossa sociedade. Recentemente, tivemos de constatar com grande mágoa que sacerdotes desfiguraram o seu ministério, abusando sexualmente de crianças e adolescentes. Em vez de levar as pessoas a uma humanidade madura e servir-lhes de exemplo, com os seus abusos provocaram devastações, pelas quais sentimos profunda pena e desgosto. Por causa de tudo isto, pode ter-se levantado em muitos, e talvez mesmo em vós próprios, esta questão: se é bom fazer-se sacerdote, se o caminho do celibato é sensato como vida humana. Mas o abuso, que há que reprovar profundamente, não pode desacreditar a missão sacerdotal, que permanece grande e pura. Graças a Deus, todos conhecemos sacerdotes convincentes, plasmados pela sua fé, que testemunham que, neste estado e precisamente na vida celibatária, é possível chegar a uma humanidade autêntica, pura e madura. Entretanto o sucedido deve tornar-nos mais vigilantes e solícitos, levando precisamente a interrogarmo-nos cuidadosamente a nós mesmos diante de Deus ao longo do caminho rumo ao sacerdócio, para compreender se este constitui a sua vontade para mim. É função dos padres confessores e dos vossos superiores acompanhar-vos e ajudar-vos neste percurso de discernimento. É um elemento essencial do vosso caminho praticar as virtudes humanas fundamentais, mantendo o olhar fixo em Deus que Se manifestou em Cristo, e deixar-se incessantemente purificar por Ele.



7. Hoje os princípios da vocação sacerdotal são mais variados e distintos do que nos anos passados. Muitas vezes a decisão para o sacerdócio desponta nas experiências de uma profissão secular já assumida. Frequentemente cresce nas comunidades, especialmente nos movimentos, que favorecem um encontro comunitário com Cristo e a sua Igreja, uma experiência espiritual e a alegria no serviço da fé. A decisão amadurece também em encontros muito pessoais com a grandeza e a miséria do ser humano. Deste modo os candidatos ao sacerdócio vivem muitas vezes em continentes espirituais completamente diversos; poderá ser difícil reconhecer os elementos comuns do futuro mandato e do seu itinerário espiritual. Por isso mesmo, o Seminário é importante como comunidade em caminho que está acima das várias formas de espiritualidade. Os movimentos são uma realidade magnífica; sabeis quanto os aprecio e amo como dom do Espírito Santo à Igreja. Mas devem ser avaliados segundo o modo como todos se abrem à realidade católica comum, à vida da única e comum Igreja de Cristo que permanece uma só em toda a sua variedade. O Seminário é o período em que aprendeis um com o outro e um do outro. Na convivência, por vezes talvez difícil, deveis aprender a generosidade e a tolerância não só suportando-vos mutuamente, mas também enriquecendo-vos um ao outro, de modo que cada um possa contribuir com os seus dotes peculiares para o conjunto, enquanto todos servem a mesma Igreja, o mesmo Senhor. Esta escola da tolerância, antes do aceitar-se e compreender-se na unidade do Corpo de Cristo, faz parte dos elementos importantes dos anos de Seminário.



Queridos seminaristas! Com estas linhas, quis mostrar-vos quanto penso em vós precisamente nestes tempos difíceis e quanto estou unido convosco na oração. Rezai também por mim, para que possa desempenhar bem o meu serviço, enquanto o Senhor quiser. Confio o vosso caminho de preparação para o sacerdócio à protecção materna de Maria Santíssima, cuja casa foi escola de bem e de graça. A todos vos abençoe Deus omnipotente Pai, Filho e Espírito Santo.



Vaticano, 18 de Outubro – Festa de São Lucas, Evangelista – do ano 2010.

Vosso no Senhor

Semana dos Seminários: Resende e Lamego

Acompanhar o Seminário, na oração e generosidade, é acolher este grande mistério e corresponder-lhe de todo o coração. Rezemos juntos pelo Seminário:



Jesus Cristo, Bom Pastor
que dás a vida pelas Tuas ovelhas.
Tu és o Filho muito amado do Pai,
Tu és o nosso Mestre e Salvador.
Faz dos nossos seminários
Comunidades de discípulos,
Sementeiras de Amor,
de serviço e de entrega radical pelo Teu Reino;
sinais de esperança de um futuro de vida verdadeira,
em abundância para todos.
Fortalece e ilumina
no discernimento vocacional os nossos seminaristas;
confirma nos dons do Espírito Santo os seus formadores;
enche de generosidade e espírito de serviço
os auxiliares que com eles trabalham.
Recompensa e abençoa os benfeitores,
que com a oração e partilha de bens, zelam pela missão;
ampara o nosso Bispo e os nossos párocos,
para que sejam sempre fiéis ao dom do seu sacerdócio;
desperta a generosidade e a coragem dos nossos jovens
para Te seguirem e concede às nossas famílias o dom de
Te proporem como caminho, verdade e vida...
Nós Te pedimos por intercessão de Nossa Senhora,
Tua e nossa mãe…

Convivio Paroquial

"Num dia tempestuoso ia São Martinho, valoroso
soldado, montado no seu cavalo, quando viu um
mendigo quase nu, tremendo de frio, que lhe
estendia a mão suplicante e gelada.
S. Martinho não hesitou: parou o cavalo,
poisou a sua mão carinhosamente na do pobre e,
em seguida, com a espada cortou ao meio a sua
capa de militar, dando metade ao mendigo.
E, apesar de mal agasalhado e de chover
torrencialmente, preparava-se para continuar o
seu caminho, cheio de felicidade.
Mas, subitamente, a tempestade desfez-se,
o céu ficou límpido e um sol de Estio inundou a
terra de luz e calor.
Diz-se que Deus, para que não se apagasse
da memória dos homens o acto de bondade praticado pelo Santo, todos os anos, nessa mesma época, cessa por alguns dias o tempo frio e o céu e a terra sorriem com a bênção dum sol quente e miraculoso.

De novo desafiados a uma experiência de comunhão a nível comunitário

Castanhas e Fêveras Assadas.

TARDE DE CONVIVIO E AMIMAÇÃO
Domingo 7 - 15h30m
Salão paroquial
PARTICIPE com alegria e boa disposição!

Missa

A Missa paroquial no próximo domingo é às 11h00.

Igreja vive Semana dos Seminários

A Igreja Católica em Portugal celebra entre 7 e 14 de Novembro a Semana dos Seminários, desta feita subordinada ao tema “Seminário, comunidade dos discípulos de Cristo e irmãos no presbitério”.

Os últimos dados disponibilizados pela Santa Sé mostram que os seminaristas de filosofia e teologia no nosso país são menos, nos últimos anos: de 547, entre diocesanos e religiosos, no ano 2000, passou-se para 444 em 2008 (menos 19%). Lisboa, Porto, Braga, e Funchal são as dioceses com mais candidatos ao sacerdórcio.

O presidente da Comissão Episcopal de Vocações e Ministérios (CEVM), D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, considera que esta semana é uma oportunidade para passar uma mensagem de “confiança”, “como tempo e oportunidade para valorizarmos o trabalho e a missão dos Seminários na formação dos futuros sacerdotes”.

“Queremos dizer uma palavra de muita alegria e renovada confiança a todos os seminaristas de Portugal e testemunhar sentida gratidão a quantos se entregam diariamente com exemplar dedicação e inexcedível generosidade à exigente causa da formação nos nossos Seminários”, indica o Bispo de Aveiro.

O lema para a celebração segue o mesmo tema da semana dos formadores dos seminários de Portugal, realizada no último mês de Setembro, nos Açores.

“Estou consciente e confiante de que aos Seminários nunca faltará a comunhão fraterna e exemplar dos presbitérios diocesanos e religiosos nem a oração, o afecto e a generosidade das comunidades cristãs”, diz o presidente da CEVM, na sua mensagem para esta ocasião.

A semana dos seminários de 2010 fica, naturalmente, marcada pela carta aos Seminaristas de todo o mundo que Bento XVI divulgou no último dia 18 de Outubro. No texto, o Papa lembra a sua própria caminhada no seminário, afirmando que então sabia que “mais do que nunca que haveria necessidade de sacerdotes”, deixando uma palavra de encorajamento, perante as dificuldades que a Igreja sentiu recentemente.

Em texto escrito para a Agência ECCLESIA, o padre João Alves, do Seminário de Santa Joana Princesa, Aveiro, define um “seminarista maduro” como aquele que “adquiriu a capacidade de agir livremente, que integrou e desenvolveu virtudes humanas, que adquiriu uma capacidade de autocontrolo e integração das diversas forças emotivo-afectivas”.

Já o padre Miguel Neto, do gabinete de informação da Diocese do Algarve, sublinha que os futuros sacerdotes desta nova era tem de ser um “nativo digital” que olha para esta rede como o melhor e mais rápido lugar onde encontra as aspirações, não só dos cristãos, mas sobretudo daqueles que são objecto do primeiro anúncio da fé”.

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