A
vida é feita de surpresas.
Algumas
verdadeiramente supreendentes (dom de Deus) outras naturalmente
desconcertantes.
A Relação
inter-pessoal é profundamente exigente, obriga-me a conhecer o outro não de
forma interesseira mas numa atitude interessada. Desafia-me a perceber quem ele
é, quais as suas expectativas e anseios mais profundos, os seus medos e as suas
alegrias,...enfim, é desafio permanente a ser com o outro numa atitude
responsável, delicada e dedicada. implica uma escuta atenta e demorada, mais do
que uma relação do tipo "Jornal da Noite TVI" (ao jeito de Manuela
Moura Guedes)...
Estranha-me por
isso que continuemos (até no seio da Igreja) a não entender que "só quem
se deixou ferir pelas dores do outro, pelos seus anseios, por tudo o que ele é
e está a ser" é que tocou verdadeiramente o humano. só quem foi capaz de
colher as lágrimas copiosas de um qualquer pranto, só quem foi capaz de intuir
nos olhos tristes a dor que vai dentro, ou numa simples palavra o desassossego
de "quem quer partir e já não pode ficar" é que verdadeiramente tocou
o humano e o Divino. Foi assim o nosso Cristo! Talvez por isso custe ainda a
muitos aceitá-lo assim, despido de todas as armas, desarmado de todo o poder,
servindo, apenas e só, a compaixão do Pai.
Por estes dias
tive a oportunidade de reflectir e rezar tudo isto a partir da experiência
daquilo a que chamo "desilusão relacional"...Felizmente que a Igreja
não se pode confundir com a pessoa X ou Y, mas uma realidade é certa...quanto
mais desiludidos mais distantes, e quanto mais distantes mais determinados a
partir...é assim o ciclo da "desilusão relacional", quando o Papa
Paulo VI falava que a Igreja era "perita em humanidade" tinha toda a
razão...pena é que quem governa, entre desnortes e confusões, entre indecisões
permanentes e ritmos atabalhoados, sem rumo e sem projecto, numa esquizofrenia
pastoral do tipo bombeirista (olhando para o imediato sem perscrutar o
futuro!), se canse com coisa nenhuma e esqueça o fundamental...mantendo
supostamente uma "lucidez que resolve tudo" com uma banalidade
tal...que questiona qualquer cristão mais atento e comprometido. Como não há-de
questionar-se um padre?...
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